tanto tempo passou, tantos foram e voltaram. até eu fui. um pedaço meu de lembrança de porre, hoje caminha por ruas da Irlanda. outro de amizade, espera por uma visita na austrália. os cabelos e a barba cresceram mais. menos a esperança. não é por nada, me apeguei a uma caminhada humilde. o sol tem mais valor e queima minha pele branca. meus pais me amam mais, na mesma medida em que meus defeitos se fazem menos presentes. um menino de rua passa e pergunto se ele quer dividir o frango e o pão. ele aceita e eu fico feliz. esqueço porquê vim, não importa, só importar ir, voltar. dizem que eu tive coragem. não é nada. coragem tem o calango. eu só tinha uma passagem e a necessidade de sentir frio, medo e fome. o reflexo no espelho mantém a dúvida. não sabe se reconhece a si mesmo. o carnaval não chegou, mas já vai acabar. e eu longe. nem o vento, que prometia soprar forte em março, anima planos e nostalgias. o que entristece não são os quilômetros de distância dos que estão longe. são as milhas que separam todos do baú onde me enterrei, esperando você encontrar e cavar com as unhas vermelhas.
O Cuseiro do Rei
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O que contam é que em uma manhã de terça-feira o Rei acordou querendo comer
um cu. Ele se levantou exigindo “quero comer um cu” para o Mordomo, que se
assu...
Há 7 anos