quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

queda

Era muito óbvio. E mesmo supondo toda aquela obviedade, começou a procurar fotos que comprovassem aquele erro conjunto. Atravessou a sala totalmente escura, olhou para o céu avermelhado que só existe naquela cidade. Madrugada

Troca o dia pela noite com absoluta convicção que é só na luz da TV, na penumbra, que existe redenção em toda uma vida de tentativas. A tentativa da falta da irmã, do silêncio dos pais, do amigo que se foi e do amor que nunca foi, senão, uma tentativa;

Desligou o rádio, não poderia decretar o fim de nada. Leu Vinícius e começou uma carta sem destinatário. Falaria alto. Era necessário enfrentar o mar confuso com coragem, apesar do cansaço e do desconforto de um passado medroso em honestidade própria.

Era uma busca para saber onde tudo havia começado. Se em maldição, nascimento, ou falta de sorte. Viu com medo o fim da madrugada e o nascimento de mais dia, certo de que o nascer do sol é mais assustador que a chegada da noite. Óbvias tentativas.

3 comentários:

Anônimo disse...

Acredito que as luzes em fotos da infância, aquelas que predestinam à mediunidade, são na verdade a certeza de uma vida incompleta e de tentativas. É a única explicação. Um beijo, Júlia.

Fernanda Doniani disse...

cartas sem destinatários não dizem nada de sincero.

faz tempo que nao conversamos, hein?

Sincronizze disse...

um copo vazio é um copo cheio de ar ...

=]