segunda-feira, 17 de novembro de 2008

acaso

Chega sem pedir licença. Espalha entre as tantas fotos que nunca lhe comoverão. Divide a insônia, e os goles da bebida que já não é mais barata. Compartilha os filmes legendados das sessões corujas, e o pouco espaço nos versos de xérox velhos. Os cadernos com folhas brancas ficam escassos depois de alguns anos. Chega como golpe de sorte. Transforma uma sexta-cinza em final de filme das dez, aqueles sem entendimento, sem tradução. Te cubro com ciúmes e proteção. Uma porção de piadas prontas e olhares fixos. A bebida sem gelo esquenta mais com o calor do encontro. Invento alguma desculpa pra aceitar o convite de um crime imperfeito. Papéis invertidos. Você dirige e eu canto baixinho o John Lennon. Busco a música que eu sei, não existe no Cd só pra ficar mais. A surpresa exposta no sorriso solto e fácil. Alguma coisa do tipo não esperar mais que um toque de mãos sem paixão. Não existe verdade no nosso mundo. E não existe adeus que seja tão adeus quanto teu não choro molhando meu peito, e me pedindo pra ficar. Dizendo que eu não sou nada além de uma sexta chuvosa, de um sete de julho qualquer. Mas que mesmo assim, pelo menos nesse carro escuro, agora tudo parece ter um pouco mais de sentido.

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