sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

caderno de paris

talvez a mulher que amei por alguns meses morra, e eu nem fique sabendo. ela costumava padecer de uma fragilidade inocente. algo que me perturbava algumas vezes. talvez a mulher que amei vá para Lisboa e não volte mais. talvez ela viva para sempre com um cigarro entre os dedos e uma camisola.

e o que pesa é saber se o amor era pouco para que nós, que buscávamos conceitos diferentes, pudéssemos sufocar um ao outro com palavras que rasgassem nossa harmonia matinal...
o que pesa é saber se o amor era muito, que só afastando os corpos tantos quilômetros, cada um poderia carregar tua própria cruz, e encarar tuas próprias mentiras, falhas e inquietações.

as palavras aproximaram nossos cheiros e tuas complexidades. bastou um olhar involuntário, irremediável, e estava sacramentada tua cegueira. espero que não saiba tarde demais, para que possa vê-la caminhando por avenidas centrais, com um guri no colo e um sorriso de sentimento regular. impossível.

5 comentários:

Isadora Biella disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Isadora Biella disse...

Às vezes, pra se enxergar a cegueira, só a distância.

Anônimo disse...

clariciano! abstrato realismo intimista!!!!!

Renan Rodrigues disse...

preferia quando você dizia que eu era safadamente romântico, Débora.

Anônimo disse...

Amores clariceanos... solidões também...