talvez a mulher que amei por alguns meses morra, e eu nem fique sabendo. ela costumava padecer de uma fragilidade inocente. algo que me perturbava algumas vezes. talvez a mulher que amei vá para Lisboa e não volte mais. talvez ela viva para sempre com um cigarro entre os dedos e uma camisola.
e o que pesa é saber se o amor era pouco para que nós, que buscávamos conceitos diferentes, pudéssemos sufocar um ao outro com palavras que rasgassem nossa harmonia matinal...
o que pesa é saber se o amor era muito, que só afastando os corpos tantos quilômetros, cada um poderia carregar tua própria cruz, e encarar tuas próprias mentiras, falhas e inquietações.
as palavras aproximaram nossos cheiros e tuas complexidades. bastou um olhar involuntário, irremediável, e estava sacramentada tua cegueira. espero que não saiba tarde demais, para que possa vê-la caminhando por avenidas centrais, com um guri no colo e um sorriso de sentimento regular. impossível.
O Cuseiro do Rei
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O que contam é que em uma manhã de terça-feira o Rei acordou querendo comer
um cu. Ele se levantou exigindo “quero comer um cu” para o Mordomo, que se
assu...
Há 7 anos
5 comentários:
Às vezes, pra se enxergar a cegueira, só a distância.
clariciano! abstrato realismo intimista!!!!!
preferia quando você dizia que eu era safadamente romântico, Débora.
Amores clariceanos... solidões também...
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